domingo, 20 de maio de 2012

M.I. PROCURA H.R.




- ... Sinto muito, muito mesmo...

Aparentemente e de maneira apressada essa frase pode ser interpretada como uma desculpa para algo feito de errado ou até mesmo o término de um relacionamento. Mas calma, incauto leitor, ela foi dita por um alguém extremamente tomado por seus sentimentos.

O contexto faz toda a diferença.

Dias anteriores, ou melhor dizendo, meses. Wélcio ainda tentava se recuperar de uma tremenda dor de cotovelo ao ver que sua namorada o trocara por um bonitão da internet.

Tantos cuidados em forma de carinho e entregas plenas para terminar com um mero scrap. Nem e-mail... Foi scrap mesmo, público e via Orkut. A sorte é que a maioria de seus contatos já não mais utilizava o Orkut como principal rede social.

De qualquer forma ficava o gostinho amargo de mais um relacionamento indo para o espaço: nesse caso cibernético mesmo. Amargou bem umas horas de dor. Já havia se predeterminado a não deixar doer mais que isso.

Ficava então a raiva e o desapontamento típico de quem repensa o que poderia ter feito para isso não ter acontecido novamente.

Resolveu recomeçar embora tudo ainda estivesse estilhaçado dentro de si. No entanto, homem que é homem não demonstra e já sai logo à nova caça para não deixar sentir.

E lá foi ele como sempre nas salas de bate papo. Dessa vez seria mais sacana, mentiria um pouco mais e se imporia em ideias e posicionamentos em vez de concordar absurdamente com tudo o que o outro lado lhe dissesse.

Partiu logo para um Nick que havia acabado de entrar: M.I.procura. Iniciaram um diálogo e ele foi perguntando o que era M.I.procura. Obteve a resposta: Mulher inteligente procura...

- Hum, procura o quê? Perguntou sagazmente.

-Procuro H.R. (Homem Rico) - com direito a risos no final.

- Pois então o encontrou, mas logo de cara vou dizendo que para arrancar dinheiro de mim só sendo muito, mas muito inteligente mesmo... mais risos.

Meio que em tom de brincadeiras, a conversa foi tomando um rumo interessante. Obviamente regada a certos ilusionismos: aparência física, profissão, cidades etc...

Muitos dias de conversa sempre com horas marcadas. Já estavam no pé de trocar telefones, pois o ouvir seria muito mais interessante. Ele apreciou a voz suave dela e ela a voz um tanto radiofônica dele.

Marcaram encontro após umas três ou quatro conversas sempre longas e românticas. Por sorte moravam em cidades próximas. Ansiosos estavam para ver se a mesma química rolaria no pessoalmente.

O meio de encontro seria a troca de detalhes nas roupas e o número de celular como guia. Ela chegou primeiro contrariando as expectativas de que mulher sempre se atrasa.

O noivo parecia ele que com um trânsito horrível, já havia ligado dizendo estar a caminho. Quando por fim ele chegou ao local, ligou. Ambos continuaram a se falar até que se depararam um em frente ao outro. Grande surpresa os tomou:

- Bárbara, é você? Só a reconheceu pela voz.

-Wélcio!

- Sim sou eu. Mas que negócio é esse? Achei que estaria perante uma loira alta, e...

- ..E eu perante um moreno de 1,90...

Ambos não podiam mesmo dizer nada a respeito das mentiras. Ele, antes cheio de razão baixara a guarda, afinal não era nenhum rico Szafir e ela nenhuma Xuxa milionária.

Saíram, conversaram e muitos pratos limpos foram lavados nas explicações do motivo que os levou a mentir. Pareciam mesmo se combinar mais do que nas mentiras antes ditas.
Apesar da decepção nas fisionomias algo de carinho surgiu em meio à maré provisória de raiva momentânea.

Não vou dizer que hoje eles estão casados, mas continuam se conhecendo e um tanto mais apaixonados do que no primeiro encontro. Parece que tudo vai dar certo.

 Ah, já ia me esquecendo o sinto muito do início da narrativa? Foi o meio pelo qual ele encontrou para dizer o quanto a sente especial. Uma espécie de ‘eu te amo’ disfarçado.

Andreia Cunha





sábado, 19 de maio de 2012

EMOTICONS TAMBÉM AMAM




Tudo começou com um emoticon. Aquela cara amarelinha dando uma língua e fechando olhos, bem típica de quem aprontou e agora tira uma onda. Pois é, foi a dita carinha que a fez lembrar que um dia um ex-namorado quase a enlouqueceu com um gesto semelhante.

Era seu aniversário e ele havia pregado uma peça ao que ela reagiu quase lhe dando uns tapas de doer. E agora ali, virtualmente a mesma figura em forma de emoticon a reconduzia as portas passadas tão bem fechadas dentro de si.

Fatalmente se apaixonaria. Era um novo amigo e ainda não tinham se visto via web cam, mas a tal carinha denunciava certa simpatia. Ela, entre meio sonhadora e desejosa, esbarrava no sonho e apetite dele. Sim apetite por conhecer menina nova e ter novas possibilidades de encontro.

Ambos iam bem no papo e ele não a colocaria na parede para vê-la em breve, visto que já havia declarado que ela mesma o faria quando se sentisse segura. Preferia maiores contatos para se conhecerem antes do visual.

Para tudo o que fosse interessante na conversa ele demonstrava seu estado de espírito com um emot, e ela adorava aquilo. Chegaram mesmo a conversar sobre sensações e sentimentos expressos via MSN.

Ele declarou que fazia mesmo tais caras e bocas. Que até já tinham lhe dito que tinha cara de emot e que talvez ele as fizesse de propósito. Nada disso era verdade, óbvio. Quem em sã consciência ligaria em ficar imitando caras e bocas de emoticons!

A curiosidade por parte dela foi ficando cada vez maior. Já o vira em fotos, achava-o interessante e ele também demonstrava o mesmo ao tê-la visto via face. Só faltava mesmo a coragem nela para dar o passo via web.

E não por falta de oportunidade isso haveria de ocorrer na próxima conversa. Resolvida a colocar tudo na mesa, dali para frente decidiriam se haveria de se prolongar para o real além das conversas virtuais.

Quando o convite foi enviado, ele logo de cara aceitou por achar que já até havia passado mesmo da hora. Ela, ansiosa, esperava a imagem na tela aparecer. E foi assim que uma nova paixão começou a se prefigurar para além das telas do computador.

Com certeza marcariam um encontro. Caso fosse um baile a fantasia já saberiam como se encontrar. Ambos de emoticon, ele piscando de um olho com a língua para fora e ela tímida de bochechas avermelhadas.

Andreia Cunha




O SUCESSO EXPERIMENTAL EM SUCESSÃO VIRTUAL




Ela, uma menininha doce ingênua e pelas primeiras vezes no universo virtual. Ele um lobo matreiro a cata da próxima vítima. Uma típica história de Chapeuzinho Vermelho.

Não, mas não se iluda, caro leitor. Não iniciaria o blog com uma história tão ordinária como essa. Sim, parecia ser mais um típico caso. Se não fosse por algo que passou despercebido dos leitores desatentos: o ambiente virtual.

Ali, ou aqui pois é o meio pela qual escrevo agora, tudo pode ser transformado: reduzido ou ampliado para adquirir as proporções que se quer.

Ela não era ela e ele não era ele. Ambos eram artistas ou arteiros. Ela (ou ele disfarçado) estudante de psicologia realizava uma pesquisa para seu trabalho de conclusão de curso. Ele (ou ela disfarçada) apenas queria brincar com as mais improváveis possibilidades da inteligência da pessoa com quem estaria conversando.

Queria perceber se alguém ultrapassaria as barreiras virtuais e por meio de seu vocabulário chegaria a sua verdadeira identidade genital; assim denominava essa empreitada maluca.
Enfim, dizem que quando o universo conspira a favor não há vento que sopre contrário. E os ditos acabaram mesmo se topando nas ondas virtuais desse imenso mar em fantasia. Ela denominou-se Rogério e Ele, Marcela.

A sala de bate papo estava cheia no dia em que ambos adentraram. Seria um prato cheio para novas experiências, mas ao que parece a maioria já estava mesmo embrenhada com seu nucleozinho comum.

De modo que não foi difícil se comunicarem após tantas tentativas. Ela, Rogério, com o Nick TO AFIM e Ele, Marcela, com o Nick QUERO COLO.

“To afim e quero colo bem que se combinam” investiu Rogério ao que Marcela respondeu “é verdade, mas estou à procura de algo sério e de uma amizade primeiro para conhecer melhor”.
Opa, tudo parecia e estava realmente se encaixando nos papéis virtuais. Rogério, galanteador, conquistador e a todo custo lançando suas investidas e Marcela interessada naquele tipo que bem daria um belo estudo para seu trabalho de conclusão de curso.

Os encontros virtuais foram ficando mais e mais interessantes e para isso trocaram MSN para que as conversas ficassem mais íntimas ou próximas ou somente entre eles mesmos. O ritmo seguiria a partir daí.

Óbvio que não se revelariam em seus e-mails verdadeiros e para tanto criaram fakes a fim de que tudo parecesse seguir um curso natural de encontro. Lá foram para os e-mails: Ela, Rogério, asteroideprocura@hotmail.com e Ele, Marcela, amoramora@hotmail.com.

O difícil seria manter tudo isso. Ambos tinham que fazer fluxogramas para saber o que foi dito anteriormente para não caírem em contradições. Aquilo dava trabalho...

Quando Ela cansou da brincadeira passou a não mais entrar no MSN. Já estava satisfeita ao saber que conseguira enganar alguém e já não mais tinha o mesmo gosto de antes.

Quando Ele tinha material suficiente para seu trabalho de conclusão de curso se afastou pois teria que se dedicar a tanto material interessante a qual já possuía.

Só que por ironia do destino, hoje ambos se encontraram apesar de passados anos do ocorrido. Ele em seu consultório e ela paciente que pelo jeito ainda guardava resquícios daquela época que deveriam ser resolvidos.

Se se descobririam? Ah, isso já é outra história...

Andreia Cunha



ESTE É O MEU MAIS NOVO BLOG. SE VOCÊ É DAQUELES QUE JÁ VIVENCIOU AS MAIS ESTRANHAS, ABSURDAS, INCOERENTES, ESTAPAFÚRDIAS, LOUCAS HISTÓRIAS DE ENCONTROS VIRTUAIS QUE VIRAM REAIS, EIS AQUI AMIGO(A) SEU ESPAÇO PARA SE DIVERTIR, RIR E PARTILHAR ESSES MOMENTOS. ENTRE E FIQUE À VONTADE, AFINAL OS INDOMÁVEIS FEROMÔNIOS CIBERNÉTICOS TAMBÉM É SUA CASA.